Espécies
 

As espécies do gênero Pinus vêm sendo plantadas no Brasil desde há mais de um século. Inicialmente, foram introduzidas espécies européias e dos Estados Unidos para fins ornamentais. Posteriormente, foram buscadas espécies para fins silviculturais, visando à produção de celulose, papel e madeira serrada. Ao longo de décadas de ensaios de espécies e testes de procedências, ficaram bem definidas as mais apropriadas para produção de madeira em cada região bioclimática. Segundo dados da SBS (Sociedade Brasileira de Silvicultura), referentes ao ano 2000, existia mais de 1,8 milhão de hectares plantados com Pinus, dos quais, mais da metade (57,6%) nos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.
 

As regiões com aptidão para plantios comerciais de Pinus para produção de madeira e subprodutos podem ser definidas com base nos fatores bioclimáticos e fisiográficos limitantes ao desenvolvimento de cada espécie. Entre esses fatores estão a ocorrência de geadas severas, déficit hídrico, ocorrência de pragas, altitude e profundidade do lençol freático.


Nos estados do Sul, quase todos os plantios de Pinus são das espécies P. taeda e P. elliottii. Outras espécies, plantadas em menor escala ou em fase de experimentação, incluem P. caribaea var. hondurensis, P. caribaea var. bahamensis, P. oocarpa, P. tecunumanii, P. patula, P. maximinoi e P. greggii. No Sudeste, há maior predominância de P. caribaea var. hondurensis, P. oocarpa, P. tecunumanii e em menor escala, P. taeda, P. elliottii, P. patula e P. maximinoi. No Centro-Oeste, as espécies mais plantadas são P. caribaea var. hondurensis, P. oocarpa, P. tecunumanii e em menor escala, P. kesiya. No Norte (Pará e Amapá), as mais plantadas são P. caribaea var. hondurensis e P. tecunumanii.
 

Preservação
 

A madeira, por ser material de origem orgânica, dependendo das condições ambientais a que seja submetida, irá sofrer deterioração por agentes biológicos como microrganismos (bactérias e fungos), insetos (coleópteros e térmitas) e brocas marinhas (moluscos e crustáceos). Quando a situação de uso da madeira envolve a possibilidade de ocorrer a degradação biológica, torna-se necessário o uso de espécies de alta durabilidade natural ou de baixa durabilidade submetidas a tratamento preservante.
 

Considerando que as espécies de alta durabilidade natural são provenientes da floresta tropical, a utilização das espécies vindas de florestas plantadas e que possam ser submetidas ao tratamento preservante torna-se uma alternativa promissora. A madeira do gênero Pinus possui características que permitem variada gama de aplicações, mas a carência de conhecimento e tradição no uso da madeira preservada, bem como a falta de especificações técnicas e informações sobre o comportamento em serviço, restringem sua utilização.
 

Dentre os produtos de madeira sólida, a ABIMCI (Associação Brasileira de Madeira Processada Mecanicamente) estimou, para o ano de 2001, uma produção de 2.250.000 m3 de compensados, 20.000.000 m3 de madeira serrada, 1.100.000 m3 de PMVA (produtos de maior valor agregado), 254.000 m³ de portas e 12.000.000 m³ de pisos. A produção de madeira tratada em autoclave estava estimada na ordem de 560.000 m3 para o ano de 2001.
 

A madeira de Pinus é a principal matéria-prima na produção dos PMVA, e representa cerca de 40% na produção de compensados e de 35% na produção de madeira serrada. Já na produção de madeira preservada, o gênero Pinus corresponde a apenas 3% do total produzido.
 

Na década passada se intensificou as pesquisas tecnológicas visando utilizar com maior intensidade as madeiras de reflorestamento em substituição às nativas. Como ponto favorável na utilização de espécies do gênero Pinus, se consagrou no mercado interno, principalmente no setor de manufaturados (móveis) e na exportação para países industrializados. Por outro lado, esta madeira apresenta baixa resistência natural ao ataque de organismos xilófagos.
 

Uma forma de agregar valor à madeira serrada do gênero Pinus é através do tratamento químico preservante adequado, que irá conferir a madeira maior durabilidade em uso. Comparando-se os volumes de madeira serrada e painéis compensados de Pinus com o volume que é submetido o tratamento em autoclave, e considerando que a indústria da construção civil é um dos principais segmentos consumidores de madeira serrada e compensados no mercado interno; pode-se inferir que é grande o potencial de crescimento no uso da madeira de Pinus submetida ao tratamento preservante.

 

Adicionalmente, o crescimento constante do segmento agrícola no Brasil favorece o uso da madeira preservada para aplicações rurais, tais como tutores, mourões e construções rurais, dentre outras. Para que a indústria de preservação de madeiras se desenvolva, são necessárias mudanças no enfoque de utilização da madeira tratada no Brasil. É importante conscientizar os consumidores e propiciar base técnica para incrementar o uso da madeira tratada, tanto na construção habitacional como em aplicações rurais.
 

Preservantes para Madeira
 

Dentre as diferentes alternativas de preservação da madeira, a preservação química tem por base a impregnação da madeira com produtos químicos visando torná-la tóxica aos organismos que a utilizam como fonte de alimento.

 

A preservação química é a forma mais usual na prevenção do ataque biológico. Os métodos mais eficientes para aplicação do preservante na madeira incluem o uso de pressão superior a do ambiente (autoclave) como auxiliar da impregnação, resultando em melhor distribuição e penetração do preservante na peça tratada.
 

Os principais preservantes para evitar a degradação biológica da madeira são o creosoto (preservante oleoso), o CCA e o CCB, ambos preservantes hidrossolúveis.
 

Os ingredientes ativos do preservante CCA (arsenato de cobre cromatado) são o CrO³ (cromo), o CuO (cobre) e o AS2O5 (arsênio). Ao longo dos anos, as porcentagens desses ingredientes foram alteradas, resultando na existência de três formulações básicas atualmente disponíveis no mercado: o tipo A, o tipo B e o tipo C (Lepage, 1986). Cerca de 80% de toda a madeira tratada no mundo é impregnada com este produto. O CCB (borato de cobre cromatado) ou sais de Wolman, têm como ingredientes ativos o CrO³ (cromo) , o CuO (cobre) e o B (boro).
 

A quantidade de preservante a ser impregnada na madeira é definida como retenção, expressa em kg de ingredientes ativos do preservante por metro cúbico de madeira tratada (kg/m³). Tanto para o CCA como para o CCB, o nível adequado de retenção dependerá do risco de degradação biológica da madeira. Para madeira sem contato direto com o solo (madeiramento aéreo, estruturas de telhados, beirais) é recomendada uma retenção de 4,0 kg/m³; enquanto que para postes a retenção normatizada é da ordem de 9,6 kg/m³.
 

Durabilidade
 

A forma mais usual para se determinar a durabilidade da madeira tratada é através dos ensaios de campo, conhecidos como campos de apodrecimento. Neste tipo de ensaio a madeira é exposta ao solo, às intempéries do ambiente e a uma vasta gama de microorganismos e insetos xilófagos. Avaliando as condições da madeira durante o período de teste, pode-se verificar os organismos que estão deteriorando o material e estimar a vida média em serviço. Apesar dos altos custos envolvidos nos ensaios de campo, este é o único método onde é possível prever o desempenho que a madeira apresentará em serviço e o potencial de utilização da madeira natural ou preservada.
 

Os campos de apodrecimento podem ser instalados com mourões ou com estacas. O campo com estacas é um método padronizado pela IUFRO (União Internacional das Instituições de Pesquisa Florestal) e muito utilizado para avaliar a durabilidade da madeira tratada.
 

Campo de apodrecimento com estacas segundo o padrão IUFRO
 

Neste tipo de ensaio, estacas com 2,5 cm de espessura, 5,0 cm de largura e 50,0 cm de comprimento são parcialmente enterradas no solo e permanecem expostas aos agentes causadores da degradação biológica ao longo do tempo. Periodicamente as estacas são examinadas e avaliadas quanto ao estado de sanidade (intensidade do ataque biológico), atribuindo-se notas de 0 (degradada, sem condições de uso) a 100 (em perfeitas condições, sem evidências de ataque biológico) ou de 0 a 10 (com a mesma interpretação). O resultado final das notas é denominado Índice de Comportamento (IC), Valores do IC próximos a 100 significam que a madeira está sadia, enquanto que valores iguais ou menores que 40 indicam degradação acentuada.
 

Durabilidade da Madeira de Pinus
 

A madeira de Pinus, sem tratamento preservante, quando exposta em contato direto com o solo tem durabilidade inferior a um ano. Por outro lado, quando submetida a um tratamento adequado, pode permanecer em contato direto com o solo por 20 anos ou mais, sem indícios de apodrecimento ou ataque de insetos.
 

Mourões de Pinus elliottii, Pinus kesiya e Pinus caribaea var. hondurensis, tratados em autoclave com CCA tipo A e CCB, apresentaram durabilidade média em uso superior a 20 anos e mourões de Pinus caribaea var. hondurensis, tratados por processos sem pressão, apresentavam perfeitas condições de uso após 4,5 anos em serviço.
 

Um experimento bastante abrangente foi relatado por Barillari (2002), que analisou o estado de sanidade em um campo de estacas envolvendo 4 espécies (Pinus elliottii, Pinus caribaea var. hondurensis, Pinus oocarpa e Pinus kesiya) tratadas em autoclave com CCB e CCA tipos A, B e C em 5 diferentes níveis de retenção, após 21 anos de exposição em campo. Na avaliação geral dos resultados ficou demonstrado que o Índice de Comportamento médio da madeira tratada com CCB foi inferior ao da madeira tratada com os três tipos de CCA. A expectativa de vida média para os tratamentos, tanto para o CCA como para o CCB, é de 32 anos; comprovando a importância do tratamento preservativo para aumentar a durabilidade da madeira de Pinus.

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